Noir francês

A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

POLICIAL DO FUTURO

A rigor, Blade runner só é classificado como filme de ficção científica porque se passa no futuro e porque alguns de seus personagens são andróides. De resto, em tudo, é uma trama policial. Um policial do futuro, como o western é o relato policial do passado, num cenário específico dos EUA: o Oeste do pioneirismo, da descoberta do ouro, das diligências e de bandidos e xerifes lendários. E não por acaso Dackard constitui uma mistura de xerife com caçador de recompensas, eliminando um a um os replicantes que encontra. Portanto, me parece mais adequado classificar Blade runner de policial, como Minority report também o é, e igualmente Eu, robô, de Alex Proyas. Pensemos, neste sentido, que o tempo ― e o tempo é tudo ― há de alcançar um dia aquele contexto, ou um contexto semelhante ao dos três filmes, e então não teremos mais o elemento de ficção científica. O futuro será o presente, e restará aos homens, ao examinar os três filmes, nomeá-los ou classificá-los conforme o mundo que conhecem e a realidade em que vivem. Mas se pensarmos, por outro lado, que nesta "aproximação" de tempos talvez seja o elemento policial aquele que desaparecerá, não havendo mais crimes, nenhum embate entre gato e rato, então os três filmes, em especial Blade runner ― por sua hibridez até então pouco explorada, se não inédita, e sua estética noire ―, talvez acabem confinados à classificação de paródias de um tempo perdido, duplos de uma faceta que a humanidade baniu. É provável. Todavia, enquanto este tempo não chega, e se quisermos ser rigorosamente precisos, classifiquemos Blader runner de filme policial, ainda que seja "policial do futuro".

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