Noir francês

A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.

sábado, 28 de dezembro de 2013

O NATAL DE POIROT

L&PM, 2011, a mais recente edição.
Neste romance de Natal de Agatha Christie, dedicado a um amigo que a acusou de ter refinado o crime em demasia, a autora transforma seu principal personagem, Hercule Poirot, num simples colaborador ou assistente de dois policiais que investigam o assassinato de um chefe de família tirânico e milionário, numa enorme casa de campo. A narrativa começa antes do Natal e o atravessa, em etapas que marcam a preparação do crime, sua execução, a investigação, o inquérito e, finalmente, sua solução, mais do que excêntrica, pois é uma das mais inventivas saídas da imaginação fértil da Dama do Crime.  Nove pessoas são suspeitas, entre as quais os quatro filhos do morto, sua neta e as esposas daqueles. A investigação pouco esclarece, as provas são poucas, e caberá a Poirot, que, como Maigret, de Simenon, não se prende apenas às evidências comuns, solucionar este que é um dos melhores casos arquitetados por Agatha Christie.  A abertura de O natal de Poirot, fluente e poética, e que prenuncia um caso de amor, deve ser lida em voz alta, em favor da autora, não raramente acusada de escrever simples literatura de consumo ou entretenimento. Aqui, as palavras são quase mágicas, e evocam atmosferas, climas, sentimentos. Ótima leitura, especialmente para um Natal diferente, mais sanguinolento que de hábito, afinal de contas estamos no Brasil.