Noir francês

A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

CLÁSSICOS SCI-FI: AS CRÔNICAS MARCIANAS

Foram As crônicas marcianas (The martian chronicles) que revelaram o autor Ray Bradbury e definiram seu estilo, de tramas fantásticas, orientadas pela livre imaginação, e linguagem poética, aspectos que o fizeram único e singular entre os autores de ficção científica. Publicado nos EUA em 1950, As crônicas marcianas colheram elogios imediatos de Adous Huxley e Christopher Isherwood. Ao longo das décadas, a obra granjeou prestígio junto a escritores tão diversos quanto Mário Quintana, no Brasil, e Jorge Luis Borges, na Argentina, que lhe dedicou um prólogo elogioso, no qual expressa seu fascínio pela obra e ressalta o estilo do autor. E, de fato, este exemplar da literatura fantástica é uma das mais importantes obras literárias do século XX e transcende em muito seu gênero, constituindo-se num clássico da ficção americana e mundial. É, inclusive, uma obra de difícil classificação, pois pode ser avaliada como um conjunto de contos ou um romance, formado por várias histórias, e cujo assunto seria a suposta colonização de Marte pelos terráqueos. Algumas histórias, por sua beleza poética e conteúdo fantástico, seduzem os leitores mais exigentes, enquanto outras, mais movimentadas, encerram os leitores numa espécie de vórtice que só se detém com o desfecho. A obra é, ainda, uma profunda reflexão sobre o protagonismo do ser humano no Universo, caso ele, algum dia, alcançasse outros planetas e chegasse a colonizá-los. Em suma, Marte só é Marte para nós. Um "marciano", se existisse, só seria marciano para nós e, certamente, teria dado outro nome ao seu planeta, ao passo que o nosso, para ele, também não se chamaria Terra. Portanto, quando os terráqueos chegam a Marte, deparam-se com "o outro" como ele verdadeiramente é, muito diferente de como a imaginação do homem o moldou e suas expectativas de expansão espacial o consagraram. No curso das aventuras de As crônicas marcianas, os terráqueos se alarmam duplamente: com o que não encontram e com o que veem e lhes é por demais estranho. A melhor edição brasileira é a da Editora Globo, de 2005, com o Prólogo de Borges e um prefácio assinado por Donizete Galvão. A tradução é de Ana Ban, reproduzida pela editora, em formato de bolso com propósitos didáticos, no ano seguinte.   

Um comentário:

Lidi disse...

Confesso: ainda não li. Há tempos estou pensando em comprar este livro e, sinceramente, não sei dizer porque só pensei e não comprei. Mas agora que você disse que a melhor edição é a da Editora Globo, de 2005, pronto, vou procurá-la.

P.S: Adorei o novo visual do Infiltrados e a nova proposta, de escrevermos, também, sobre FC.

Abraço!