Noir francês

A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

ASTRONAUTA MAGNETAR

Atualização do popular personagem Astronauta, de Maurício de Sousa, criado em 1963, há exatos 50 anos. Infelizmente, nem a história nem a arte de Danilo Beyruth empolgam o leitor, especialmemte aquele habituado à literatura canônica de ficção científica (Asimov, Bradbury, Clarke, Conan Doyle, Lem, Wells, Verne) ou ao que de melhor os quadrinhos do gênero produziram (Moebius, Bilal). Há na publicação, no entanto, alguns méritos, e o leitor juvenil menos exigente, de maneira geral, há de apreciá-la. Certos trechos se destacam pelos recursos narrativos empregados. O primeiro, entre as páginas 38 e 41, é a representação gráfica da jornada de rotina, tédio e solidão do personagem, confinado a uma região remota do espaço. As páginas se sucedem e se amiúdam, até que as cenas de atos triviais que definem a clausura de 146 dias mal podem ser reconhecidas. A segunda sequência narrativa a ressaltar é a que compreende as páginas 48 e 57. Num ápice de desespero, o Austronauta começa a delirar e, ato contínuo, faz um balanço de sua existência. Por fim, o desfecho, que, muito embora constitua um clichê da literatura romântica (e posteriormente do cinema), ainda funciona, e não sabemos ao certo se o personagem viveu realmente aquela aventura ou a sonhou. Danilo Beyruth é mais conhecido pela premiada HQ Bando de dois e Necronauta, e demonstra em Astronauta magnetar toda a sua versatilidade. O gibi abre a coleção Graphic MSP (coedição da Panini Comics e Maurício de Sousa Editora), que vai publicar atualizações dos personagens do artista ilustre por grandes nomes contemporâneos dos quadrinhos brasileiros. Como o próprio Maurício diz, na introdução: "As sementinhas que plantei, décadas atrás, germinaram".

3 comentários:

Lidi disse...

Bom, Mayrant, gostei do gibi. Talvez, por minha exigência não ser tão grande em relação ao gênero, uma vez que não estou habituada à literatura canônica de ficção científica, nem aos HQs. Pelo contrário, começo agora a ler quadrinhos e assistir a filmes de animação. De qualquer forma, eu apreciei "Astronauta Magnetar". Não me empolguei tanto, como com "Poemas em quadrinhos" de Buzzati, mas gostei sim, principalmente, das passagens que você citou. Um grande abraço.

Anônimo disse...

Mayrant, acredito que dentro de suas medidas, o gibi do Astronauta tem os seus méritos. Claro, não dá para comparar, por exemplo, com autores da estatura de Moebius, mas o Beyruth trouxe alguma novidade num cenário tão permeado pelo mais do mesmo. Pode ser inclusive uma ponto de partida para o leitor mais jovem descobrir gente como o já citado Moebius e Bilal. Enfim, uma oportunidade para desbravar outras galáxias. No mais, como Lidi destacou, "Astronauta Magnetar" não empolga tanto quanto "Poema em quadrinhos", mas tem o seu valor, como você mesmo frisou nas páginas destacadas. Aquele abraço. T

AC disse...

Não sei como vim aqui parar, confesso, mas gostei do que vi, até porque tenho uma costela de ficção científica e outra de policiais.
Na primeira vertente elejo, entre outros, Ursula K. LeGuin. Já nos policiais elejo Ruth Rendell, Patrícia Highsmith, Madalena Nabb, e os clássicos americanos.
Voltarei, estou certo.

Bj