A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
A PRIMEIRA INVESTIGAÇÃO DE MAIGRET
Nova Fronteira, 1983.
Embora publicado em 1949, já na fase
intermediária da série Maigret, La première enquête de Maigret enfoca o
caso inaugural do comissário, ainda um simples secretário, e se passa no ano de
1913. O jovem, inexperiente e indeciso Maigret se vê às voltas com um
assassinato sem corpo nem evidências concretas, e em pleno seio da alta
burguesia parisiense. A história começa com um grito numa janela, seguido de um
disparo. A única testemunha do evento é um músico, que se tornará o primeiro
assistente de Maigret e, sem dúvida, o seu único arrimo nessa história em que
fica patente o tratamento diferenciado que se confere às classes sociais, mesmo
num país de ideais libertários como a França. Pobres são pobres; ricos são
ricos e mais alguma coisa: “Compreendia agora que não era uma simples questão
de dinheiro. A partir de determinado nível de fortuna, não é o dinheiro que
importa, e sim o poder”. Maigret é convidado por seu chefe a fazer uma
investigação pró-forma, que não leve a nada. Ao fim, porque desobedece, é
afastado do caso e ignorado por todo o corpo policial, como se fosse um ser
invisível e inumano. Mas tem a sua recompensa: é promovido. E, assim,
silenciado. O jovem Maigret aprende então, e bem cedo, que há concessão para
tudo neste mundo e que a vida, como diria Machado de Assis, é só uma operação
de créditos e débitos.
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