Noir francês

A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.

sábado, 27 de abril de 2013

TORMENTA

O escritor inglês Conn Iggulden é mais conhecido pelos seus romances históricos, especialmente Os portões de Roma, best-seller internacional. Em 2006 escreveu e publicou, por encomenda, em comemoração ao Dia Internacional do Livro, a noveleta Tormenta (Rio de Janeiro: Best Bolso, 2012). Classificada erroneamente como thriller ― gênero mais afeito ao cinema ―, constitui um relato policial de ação, envolvendo rivalidade entre irmãos e traição conjugal. É particularmente bem elaborada a forma como o narrador põe em choque o meio familiar, apático, protagonizado por David, e o mundo exterior, hostil, cujo representante, Denis Tanter, é tão forte e agressivo quanto o gigante bíblico Golias. Deste embate, surge a oportunidade de David se superar como indivíduo ou desmoronar definitivamente, ele, que desde a infância sofre com as ofensas e provocações alheias. Para que este breve relato compusesse um livro com 144 páginas, o editor optou por uma fonte enorme, para míopes, e usou um papel fino demais, quase transparente. Nem oito, nem oitenta. Com uma fonte menor e papel mais espesso, ficaria uma edição mais oportuna e vistosa, com mais ou menos cem páginas. Relevando-se tudo isso, porém, Tormenta é puro entretenimento, para se ler no ônibus, no trem, na fila do banco ou dentro de um café, diante de uma fumegante xícara de cappuccino ―, se a humanidade em volta permitir. 

Publicado originalmente na coluna Crítica Rasteira, da Verbo 21, em abril de 2013.

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