Noir francês

A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.

domingo, 8 de maio de 2011

DAVID GOODIS NO BRASIL

Dos autores norte-americanos que mudaram o gênero policial na primeira metade do século XX, talvez David Goodis (1917-1967) seja aquele que teve a aceitação mais discreta no Brasil, com a publicação recorrente de apenas quatro dos dezenove romances que escreveu. Bem ou mal, desde a década de 1980, saem por aqui: A lua na sarjeta (editoras Abril, Brasiliense e L&PM), Atire no pianista (Abril e Brasiliense), A garota de Cassidy (L&PM) e Sexta-feira negra (L&PM). São estes, aliás, os únicos títulos em catálogo no momento, todos pela Coleção L&PM Pocket, da editora gaúcha.

Possivelmente nos anos 1960 ou 1970, vieram a público também entre nós, pela chancela da antiga editora Tecnoprint, alguns outros livros do autor, como Paixão criminosa (Of tender sin), volume 6 da coleção Seleção Criminal. O ladrão, pela mesma coleção, e Fogo na carne, pela coleção Seleção Policial, aparecem nas folhas de propaganda da editora. O primeiro é, seguramente, a tradução de The burglar (1953), mas o segundo, desconfio que talvez seja somente um outro título em português que se atribuiu, na época, a The moon in the gutter (1953).

Estes livros da Tecnoprint (hoje Ediouro) eram muito populares naqueles anos, impressos em papel ordinário, que enferrujava e rasgava facilmente, com capa que logo se tornava quebradiça e vendidos em rodoviárias, aeroportos, bancas de revista e nas lojas da própria editora. Procurar por essas edições, depois de mais de cinquenta anos, é mesmo uma missão quase impossível, pois não eram livros que se guardassem; como os gibis, eram descartados tão logo eram lidos. Mesmo assim, recentemente achei por acaso um exemplar de Paixão criminosa em surpreendente estado de conservação, e foi através dele que descobri que Goodis vem sendo publicado no Brasil há bem mais tempo do que se supunha, que não foram os filmes O tiro no pianista, de François Truffaut, e A lua na sarjeta, de Jean-Jacques Benieix, que o projetaram entre nós.

Para o leitor que admira Goodis, conhecido pelo epíteto "poeta da violência e da solidão", há também as edições portuguesas. A Editorial Caminho, na sua coleção Caminho Policial, publicou pelo menos Disparem sobre o pianista (Down there, 1956) e O ladrão (The burglar). E as Edições 70, Beleza mortal (Behold this woman, 1947).

Como há neste momento um certo interesse do leitor brasileiro pelas obras importantes do gênero policial, que definitivamente não visa apenas ao entretenimento, à leitura rápida e descartável, esperamos que tanto a L&PM quanto outras editoras passem a traduzir mais livros de Goodis no Brasil, como tem ocorrido com seus pares Dashiell Hammett, Raymond Chandler, James M. Cain, Ross MacDonald e Cornell Woolrich, que, em edições bonitas e bem cuidadas, invadiram as livrarias.

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