Dos assassinos de aluguel era o mais profissional e experiente. Em sua longa carreira de facínora ostentava um rosário de mortes.
O excesso de profissionalismo foi a sua perdição.
Devido a tanta competência, não pode declinar da contratação de seus serviços por parte do seu maior concorrente.
Recebeu adiantado e, profissionalmente, realizou seu último assassínio.
Matou-se.
OS ASTROS NÃO MENTEM
Consultou um astrólogo. Categórico, este lhe disse:
– Vejo em seu futuro algo terrível. Está prestes a acontecer.
– Seja o que for, pode me contar. Não tenho medo.
– Tem inimigos?
– Muitos. Por quê?
– Em breve você matará um homem.
– Matar? Engano seu. Jamais eu faria isso.
– Os astros não mentem.
– Então o mentiroso é você!
– Não me culpe por dizer a verdade.
– Um farsante, isso sim!
– Não sou farsante. Você que é um assassino.
– Além de impostor, um abusado! Como ousa me chamar de assassino? Seu vigarista!
Das palavras a raiva migrou para as mãos.
Agarrando o astrólogo pelo pescoço, apertou-o até vê-lo roxo, a língua saltando para fora.
Largou-o sem vida.
Consultou um astrólogo. Categórico, este lhe disse:
– Vejo em seu futuro algo terrível. Está prestes a acontecer.
– Seja o que for, pode me contar. Não tenho medo.
– Tem inimigos?
– Muitos. Por quê?
– Em breve você matará um homem.
– Matar? Engano seu. Jamais eu faria isso.
– Os astros não mentem.
– Então o mentiroso é você!
– Não me culpe por dizer a verdade.
– Um farsante, isso sim!
– Não sou farsante. Você que é um assassino.
– Além de impostor, um abusado! Como ousa me chamar de assassino? Seu vigarista!
Das palavras a raiva migrou para as mãos.
Agarrando o astrólogo pelo pescoço, apertou-o até vê-lo roxo, a língua saltando para fora.
Largou-o sem vida.
O QUE SERÁ
Marcaram de se encontrar à beira do lago.
O clima seria romântico, não fosse a apreensão estampada no rosto dele.
– E então?
– Deu positivo, ela afirmou.
– Tem certeza?
– Claro que tenho. Trago um filho seu. O nosso filho.
Ele passou as mãos pelo rosto. Na escuridão apenas o ruído de grilos e rãs
marcava o silêncio entre os dois.
Tornou a falar:
– Não está pensando em levar esta gravidez adiante, está?
– E por que não? – ela sorriu.
– Já pensou no futuro que espera essa criança?
– Falando desse jeito parece que o mundo já está perto do fim.
– Neste caos em que vivemos, não é de duvidar. Violência, desemprego... O que será desta criança quando crescer?
– Sei lá, pode ser tanta coisa. Quem sabe um médico. Ou médica, se for menina. Pode ser ainda dentista, modelo...
– Já sei.
– O quê?
– O que ele será. Acabo de pressentir.
– Advogado?
– Não.
– Jogador de futebol?
– Também não.
– Será o quê, então?
– Isto! – respondeu, empurrando-a para dentro d’água. – É isso o que o seu filho vai ser, sua vadia!
E vendo-a desaparecer nas profundezas do lago, revelou:
– Escafandrista!
Marcaram de se encontrar à beira do lago.
O clima seria romântico, não fosse a apreensão estampada no rosto dele.
– E então?
– Deu positivo, ela afirmou.
– Tem certeza?
– Claro que tenho. Trago um filho seu. O nosso filho.
Ele passou as mãos pelo rosto. Na escuridão apenas o ruído de grilos e rãs
marcava o silêncio entre os dois.
Tornou a falar:
– Não está pensando em levar esta gravidez adiante, está?
– E por que não? – ela sorriu.
– Já pensou no futuro que espera essa criança?
– Falando desse jeito parece que o mundo já está perto do fim.
– Neste caos em que vivemos, não é de duvidar. Violência, desemprego... O que será desta criança quando crescer?
– Sei lá, pode ser tanta coisa. Quem sabe um médico. Ou médica, se for menina. Pode ser ainda dentista, modelo...
– Já sei.
– O quê?
– O que ele será. Acabo de pressentir.
– Advogado?
– Não.
– Jogador de futebol?
– Também não.
– Será o quê, então?
– Isto! – respondeu, empurrando-a para dentro d’água. – É isso o que o seu filho vai ser, sua vadia!
E vendo-a desaparecer nas profundezas do lago, revelou:
– Escafandrista!
WILSON GORJ nasceu em 1977, em Aparecida, SP. Em 2007, publicou o livro Sem contos longos, obra de estréia, composta 100 micronarrativas. Tem contos, minicontos e poemas publicados em antologias, revistas e suplementos literários. Contato: pelo blogue O Muro & Outras Páginas, aí ao lado, ou pelo e-mail gorj@jornalolince.com.br.
Imagem: cena do filme Rififi (1955), de Jules Dassin.
Um comentário:
Adorei os minicontos...
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