O
escritor francês Léo Malet, nascido em Montpellier em 2009 e morto
em 1996 em Paris, jamais teve suas obras regularmente publicadas no
Brasil. Talvez o único livro de que se tem notícia seja É
sempre noite (La vie est dégueulasse), da Trilogia negra,
publicado pela Companhia das Letras em 1991 e jamais completada pela editora. Como os romances estrangeiros policiais tradicionalmente eram
publicados no Brasil por casas editoriais de vida efêmera e em edições
baratas, que mais cedo ou mais tarde desapareciam na poeira dos sebos
e das bibliotecas, não se pode afirmar que nenhuma outra obra do
autor não tenha vindo a público por aqui, em algum momento dos últimos
cinquenta anos. Malet deixou de escrever nos anos 1960, mas seus
livros, na França, continuaram populares e exaltados pela crítica,
tanto a mais exigente quanto a específica do gênero policial. Isso
se deve ao fato de ele mesclar, com eficiência, a ação rápida do romance policial
americano com a tendência, na qual a literatura francesa é
insuperável, de refletir sobre a realidade e filosofar sobre a
condição humana. Neste sentido, Malet não se parece com ninguém.
Talvez um pouco com Simenon. Para o deleite de seus raros
apreciadores no Brasil (tenho quase certeza de que este grupo não
é legião!), a editora de HQ Zarabatana Books acaba de lançar
Brumas sobre a Pont de Tolbiac, adaptação para os quadrinhos
por Jacques Tardi do romance homônimo de Léo Malet. O próprio
Malet afirma, no prefácio, que este é um de seus livros mais
apreciados, por ele e pelo público, com edições sucessivas.
Curiosamente não foi aproveitado pelo cinema, mas se tornou uma
belíssima HQ, pelas mãos de um astro dos quadrinhos franceses. A
edição brasileira, em P&B sobre papel couché e dimensão
confortável de 16x23cm, impressiona pelo requinte e pela beleza, e o estilo de Tardi parece perfeitamente assentado ao de Malet, seja na
caracterização física dos personagens seja nos retratos em
claro-escuro das ruas de Paris. Dá até vontade de ir lá, tamanho é o realismo! Para a nossa
decepção, infelizmente, os protagonistas Nestor Burma e a cigana
Belita são só de papel. A edição compreende o volume 1 da Coleção
Nestor Burma. Torçamos para que a editora cumpra o prometido e
publique mais adaptações de Malet por Tardi.
Um comentário:
Malet e Tardi, uma inspirada adaptação. Espero também visitar essas paragens. Aquele abraço. T
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