Noir francês
A lua na sarjeta (La lune dans le caniveau, 1983), David Goodis por Jean-Jacques Beineix.
domingo, 18 de abril de 2010
UM OUTRO MAIGRET
Em Maigret se diverte (Maigret s'amuse), Simenon, fazendo jus à fama de virtuose, promove uma inversão: o comissário Maigret está de férias, mas não sai de Paris; nesse ínterim, um terrível crime acontece, e ele resolve acompanhá-lo pelos jornais, incógnito. Esse deslocamento permite que experimente o outro lado da investigação, o ponto de vista das pessoas comuns, que, nos anos 1950 muito mais que atualmente, compravam os jornais para acompanhar o andamento das investigações policiais, como se estivessem diante de um folhetim ou de uma série de cinema, gêneros que em nossa época se converteram nas telenovelas e nos seriados de tevê, apesar do próprio Simenon afirmar que "a gente nunca pode acreditar no que dizem os jornais". E, como um fã fervoroso, Maigret se irrita, faz conjecturas, não se contém de expectativa por novas notícias e chega a escrever mensagens anônimas aos seus colegas da polícia encarregados da investigação. O desfecho, definitivamente um dos mais originais que Simenon imaginou, é quase um hino à amizade e à colaboração mútua entre policiais e colegas de trabalho, não importando quem é o chefe e quem é o subordinado. Publicado em 1957, Maigret se diverte é um excelente exercício de ponto de vista e, sem dúvida, um dos mais criativos romances com o comissário. Eu, que já havia feito a minha lista com meus 10 livros preferidos da série Maigret, tive que excluir um para acrescentar este, uma obra-prima de virtuosismo e imaginação. Imperdível!
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2 comentários:
Anotada a dica, Mayrant.
Um grande abraço.
Mayrant, veja você, eu tenho uma edição portuguesa antiga desse livro, que ganhei de uma amiga querida. Concordo e acompanho suas opiniões, é soberbo. Muito bom saber que finalmente foi editado no Brasil.
VAleu, Grande abraço!
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